O líder da Bancada do PCdoB na Assembléia Legislativa, deputado Raul Carrion, denunciou durante sessão plenária desta terça-feira (21) o atropelo ao direito garantido pela Constituição brasileira de livre reunião e manifestação. O parlamentar relatou a dura repressão sofrida pelos participantes da Marcha dos Sem, na última quinta-feira (16).
Carrion lembrou que a Governadora Yeda Crussius é responsável pelas ações da Brigada Militar e deve responder pela deliberada e sistemática criminalização dos movimentos sociais no Estado. "A polícia militar, que deveria proteger e garantir a integridade, violentou os direitos do cidadão."
O parlamentar comunista relatou que, após reprimir um piquete de bancários em greve, a Brigada Militar voltou a usar a violência, contra os participantes da 13ª Marcha dos Sem. A ação deixou pelo menos uma dezena de feridos. Carrion não apenas presenciou os fatos ocorridos na Praça da Matriz, como foi vítima da violência dos policiais militares. "O que percebe-se é o pleno respaldo da governadora, que compactua com essa atitude", diz Carrion.
A Marcha dos Sem, sob o título Em Defesa da Dignidade Humana, foi concebida e, até o seu desfecho, realizada de forma pacífica. Seu principal objetivo era denunciar a alta dos preços dos alimentos, o corte de verbas sociais, principalmente na saúde e na educação.
Os deputados Raul Carrion, Raul Pont, Dionilson Marcon, Ronaldo Zulke, Marisa Formolo, do PT, negociaram com o comandante da Brigada Militar, coronel Paulo Roberto Mendes, que comandava pessoalmente a operação, as condições para que a manifestação fosse encerrada. Após a conciliação, o carro de som da manifestação foi liberado e o ato encerrado.
Depoimento à Ouvidoria
Pouco antes do início da Marcha dos Sem, Carrion prestou depoimento à Ouvidoria da Secretaria da Segurança Pública. Durante os relatos, que duraram mais de uma hora, Carrion narrou acontecimentos dos últimos dois anos, durante os quais houve excessos por parte da Brigada Militar.
O parlamentar comunista entregou fotos que mostram pelo menos quatro episódios de abuso da violência contra sindicalistas e membros de movimentos sociais. Entre elas o confronto com funcionários das Lojas Colombo, em Farroupilho, em setembro do ano passado; a violenta repressão a protesto da Via Campesina contra a alta nos preços dos alimentos, em Porto Alegre, em junho de 2008; e as prisões e uso da força contra manifestação do CPERS, em setembro último.