Carrion é deputado estadual, líder do PCdoB na Assembléia Legislativa do RS e presidente estadual da legenda. Funcionário concursado do Ministério Público Estadual, Carrion é historiador graduado pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e pós-graduado pela FAPA (Faculdades Porto-Alegrenses).
Cedo iniciou a sua atuação política. Aos 17 anos já militava no movimento secundarista e na organização revolucionária Ação Popular. O golpe militar de 1964 vai encontrá-lo no curso de Engenharia Química da UFRGS, onde logo se destacou como líder universitário na luta contra a ditadura. A partir de 1965, ligou-se ao movimento sindical metalúrgico e calçadista de Porto Alegre. As exigências da luta lhe obrigaram a interromper os estudos. Em 1968, passou a viver na clandestinidade na região do Vale dos Sinos, onde trabalhou como metalúrgico e ajudou a organizar o operariado calçadista.
Em fins de 1969, ingressou no PCdoB, retornando a Porto Alegre. Voltou a estudar na UFRGS, desempenhando importante papel nas lutas estudantis de então. Também trabalhou como professor em cursinhos e escolas particulares. Foi eleito para o Comitê Regional do PCdoB e tornou-se o seu Secretário de Organização.
Em conseqüência de sua luta, foi preso em maio de 1971 e barbaramente torturado no DOPS/RS e na OBAN (Operação Bandeirantes) em São Paulo, não se dobrando aos seus algozes. Libertado pela Justiça, perseguido pelos órgãos de repressão, foi forçado ao exílio.
Após o retorno ao país, em fins do regime ditatorial, destacou-se como ativista sindical e liderança metalúrgica. Foi também importante liderança na luta pelas “Diretas Já” e pela Constituinte.
Em 1987, foi indicado Chefe de Gabinete da então vereadora pelo PCdoB Jussara Cony. Participou ativamente das lutas pela moradia no Parque dos Maias, Jardim Leopoldina, Cohab Rubem Berta e Humaitá. Em 1988, foi o candidato do PCdoB à Prefeitura de Porto Alegre. Em 1989, foi morar na vizinha cidade de Canoas, onde passou a presidir o PCdoB e a atuar ativamente nas lutas sindicais e populares. Em 1990, foi candidato à suplência do Senado pela Frente Progressista Gaúcha. Em 1991, presidiu a gestão “Vida e Cidadania” da Fundasul, órgão com quase mil funcionários, responsável por toda a assistência social no Estado.
Em 1992, foi candidato do PCdoB a vereador de Porto Alegre, sendo eleito 1º suplente. Assumiu de forma permanente em 1996. Nas eleições de 2000, Carrion foi eleito vereador pelo PCdoB, com a 8ª maior votação de Porto Alegre. Em 2002 foi candidato a deputado federal, fazendo mais de 54 mil votos. Em 2004, foi reeleito vereador de Porto Alegre, sendo o 4º mais votado. Em 2006, Carrion foi eleito deputado estadual do PCdoB. Reelegeu-se quatro anos depois.
Durante seu mandato de vereador, destacou-se por sua luta pela Reforma Urbana, em defesa dos sem-teto e contra os despejos.
Na Assembléia Legislativa do RS, coordenou a Comissão Especial de Habitação e Regularização Fundiária e relatou a Subcomissão de mesmo nome. É membro de duass Comissões Permanentes, coordena a Frente Nacional de Parlamentares pela Reforma Urbana e a Frente Parlamentar por Reparações, Direitos Humanos e Cidadania Quilombola e a Frente Parlamentar Gaúcha de Apoio à Ferrosul e Qualificação e Ampliação do Transporte Ferroviário. É membro do Conselho Nacional e Estadual das Cidades e da Unale (União dos Legislativos Estaduais). Seus mandatos no Legislativo do RS são pautadas pelo direito à moradia e reforma urbana, por políticas afirmativas para a comunidade negra e pelos direitos dospovos indígenas, em especial o direito à demarcação dos seus territórios tradicionais.
Para a realização dos próximos passos que podem garantir os avanços que o país precisa para seguir adiante, Rabelo chamou a atenção para a necessidade de alianças mais amplas. Porém, além disso, é necessário desenvolver um campo de esquerda mais fortalecido para defender as transformações que o Brasil exige. Que tenha força para construir pactos novos. "Daí a necessidade de termos um bloco de forças mais consequentes, de esquerda, com partidos, movimentos sociais, sindical, personalidades", assinalou.
O presidente nacional do PCdoB encerrou destacando a importância da realização do Congresso, que ele classificou como momento emblemático, "é um Congresso que vai elevar o nosso partido a um outro patamar, é um partido em expansão, em crescimento e que goza de respeitabilidade no nosso país (…) Por isso vai ter um papel muito importante e vamos adiante para construir as mudanças que o nosso país requer".
Sintonia
Na sua intervenção, o Governador do Estado, Tarso Genro, fez questão de enaltecer o papel desempenhado pelo PCdoB ao longo destes dez anos na construção dos governos Lula e Dilma, e no Estado do RS.
Tarso destacou sua sintonia com as ideias apresentadas por Rabelo, sobretudo com a visão do PCdoB sobre o novo projeto nacional de desenvolvimento e o pacto político que se faz necessário para fazê-lo avançar. "Compartilho da visão apresentada sobre um projeto político nacional, de radicalização democrática e desenvolvimentista no nosso país, e compartilho também da visão de que temos que passar agora por um processo de atualização programática". Tarso compreende que já houve um período de muitas realizações no Brasil, que ele definiu como "Lulo-desenvolvimentismo", que agora precisa ser revigorado e aprofundado com novos passos.
Tarso exemplificou seu raciocínio com um questionamento, acerca das novas tarefas políticas que o projeto em curso no país impõem tendo em vista a nova configuração social existente graças a um grande processo de inclusão garantido nos últimos anos: "como o estado brasileiro vai orientar e estruturar as novas reformas para colocar a dinâmica de acumulação a serviço do povo brasileiro, essas pessoas que hoje consomem e necessitam dos serviços públicos qualificados?".
O Governador do RS também fez questão de demonstrar seu apreço e proximidade com o pensamento político do PCdoB ao referir-se a Renato Rabelo como alguém com quem tem mantido, ao longo dos últimos tempos, diálogos permanentes sobre a política brasileira.
Novo desafio
O PCdoB do RS elegeu sua primeira mulher presidente, uma jovem e talentosa liderança, que tem acumulado muita experiência, seja nos embates eleitorais, na luta política e nos espaços que tem ocupado, como a liderança do PCdoB na câmara federal.
Manuela d'Ávila, ao se pronunciar já eleita como presidente estadual do PCdoB, fez questão de buscar na força da história do partido o alicerce para a luta presente, de maneira a posicionar-se como uma liderança partidária deste tempo "do PCdoB do passado e o PCdoB do presente" que, segundo ela, são a mesma coisa. Ou, o resultado de uma mesma luta. "São as gerações que fazem e se fundem no PCdoB deste tempo presente. Na vida nós temos que saber ser fruto e semente, ou seja, saber a hora de semear, jogar a semente na terra, mas também a hora ser fruto nas grandes árvores, saber quando germinamos e ser o fruto". Também fez questão de enaltecer os presidentes que a antecederam, Raul Carrion e Adalberto Frasson. "Sucedê-los, pra mim, é uma das maiores responsabilidades nesta minha trajetória de 14 anos de militância", disse.
Também fez questão de dizer que a sua eleição para o comando partidário no RS reforça o protagonismo das mulheres e da juventude, algo que, segundo ela, é um traço distintivo do PCdoB. "Nosso desafio é ter um PCdoB forte no Rio Grande do Sul para enfrentar seus grandes desafios históricos, com maior presença institucional e nos movimentos sociais", finalizou.
Homenagem
A Conferência do PCdoB RS foi nomeada "José Ouriques Freitas", em homenagem ao dirigente comunista gaúcho falecido no dia 2 de março deste ano.
Foram eleitos 63 dirigentes para o Comitê Estadual e 40 delegados para a plenária final do 13º Congresso que ocorre nos dias 14, 15 e 16 de novembro em São Paulo.
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