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foto marcos eifles/alers
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O parlamentar destacou o legado do irmão, que foi economista, professor, deputado estadual por duas legislaturas, deputado federal e secretário de Planejamento, Administração e Coordenação durante a gestão de Alceu Collares na prefeitura de Porto Alegre. Uma das principais lembranças que seu nome deixou foi a da candidatura à prefeito de Porto Alegre, em 1985, pelo PMDB, na primeira eleição para as capitais após a ditadura, tendo José Fogaça como vice.
Carrion registrou que a trajetória pública e política do irmão teve início no movimento estudantil. Formado na Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS, em 1967, alcançou o doutorado na Universidade de Paris, em 1970, com a tese “Os distritos industriais e o desenvolvimento regional: análise de dois projetos no Rio Grande do Sul - Brasil”. No regresso ao Brasil, lembra o parlamentar, Carrion Jr. reassumiu suas atividades como professor da Faculdade de Economia, dedicando-se ao ensino nas áreas de projetos, política e programação econômica, economia brasileira e economia gaúcha.
Carrion Jr. também foi professor em cursos de mestrado do Instituto de Administração Hospitalar e na Universidade Fernando Pessoa do Porto, em Portugal e professor titular da UFRGS. Paralelamente às atividades acadêmicas, prestou assessoria a empresas e a diversos sindicatos de trabalhadores, entre os quais o CPERS e o Sindicato Médico/RS. Sua atuação junto às entidades de trabalhadores, lembra Raul Carrion, o tornou suspeito junto aos órgãos de repressão da ditadura.
Parlamentar
Carion Jr. atuou como diretor do Gabinete de Assessoramento Superior da Assembleia Legislativa/RS, presidente do IEPES, na Assembleia Legislativa, assessor do governo do Estado na Comissão de Estradas Alimentadoras, coordenador da Programação Pública Estadual, entre outras funções. Em 1983, recebeu o “Prêmio Economista do Ano” da Sociedade de Economia e do Sindicato dos Economistas.
Em 1984, durante seu primeiro mandato na ALRS, Carrion Jr. recebeu o Prêmio Springer por um Rio Grande Maior, na categoria Economia. Presidiu ainda a Comissão de Assuntos Municipais (1983-85). Reeleito em 1986, como deputado estadual constituinte, foi escolhido 1º Vice-Presidente da Assembleia Legislativa (1987-88). Membro de diversas comissões permanentes, presidiu a Comissão de Economia e Desenvolvimento da Assembleia (1989-90).
Em 1988, foi candidato à vice-prefeito de Porto Alegre pelo PDT. Em 1990, elegeu-se deputado federal do PDT, assumindo em 1991. Na Câmara, foi vice-líder do PDT e membro de diversas comissões – Finanças, Constituição e Justiça, Defesa Nacional, Educação, Lei das Patentes, Sistema Financeiro e Reforma Tributária. “Destacou-se por sua atuação no terreno da economia, por suas posturas nacionalistas e democráticas”, destacou Carrion.
O parlamentar lembrou que, no final do ano de 1991, Carrion Jr. participou, como deputado federal, da delegação do Congresso Nacional à Assembleia Geral das Nações Unidas. Em seu relatório, critica a postura subserviente da ONU e de seu Conselho de Segurança aos Estados Unidos e às grandes potências mundiais.
Versatilidade
Em 29 de setembro de 1992, Carrion Jr. votou a favor da abertura do processo de impeachment do presidente Fernando Collor de Melo. Durante o mandato federal, assumiu a Secretaria de Administração e do Planejamento do governo, durante a Gestão de Alceu de Deus Colares, sendo responsável pela contratação do projeto pró-Guaíba e pela implementação da reforma administrativa no Estado.
Economista com grande facilidade de comunicação, capaz de traduzir para o leigo as mais complexas questões econômicas, sem perder o rigor teórico, lembra Raul Carrion, o irmão teve participação permanente nos meios de comunicação, seja como articulista em jornais, seja como comentarista e debatedor em rádio e televisão. Em nível municipal, Carrion Júnior coordenou vários planos diretores em municípios gaúchos, além de estudos de viabilidade de implantação de distritos industriais. Foi secretário das Finanças, Administração e Planejamento de Encruzilhada do Sul e secretário municipal de Triunfo, onde implantou o Programa Estratégico de Desenvolvimento Urbano e Ambiental.
Publicou, também, mais de uma dezena de livros, entre os quais destacou “O Modelo Brasileiro: impasses e alternativas” (1975), “RS: Política Econômica e Alternativas” (2ª edição 1981), “O Rio Grande do Sul em busca de Novos Caminhos” (1986), “O Século do Pacífico - Japão, China, Sibéria: do capitalismo social ao socialismo de mercado” –onde já em 1988 chama a atenção para o enorme desenvolvimento da China Socialista.
Apaixonado
“Amigo do Partido Comunista do Brasil, sempre esteve presente em seus atos mais importantes e nos momentos de solidariedade, como na grande campanha pela sua legalidade, na fase final da ditadura militar”, destacou Carrion. “Homem apaixonado pela vida e dos grandes desafios, viajou por todo o mundo; era apreciador dos esportes radicais, piloto de avião, paraquedista – inclusive de salto livre –, mergulhador. Morreu vítima de sua paixão de voar”.
Ao concluir o pronunciamento, o orador lembrou episódio em que o irmão o ajudou a escapar da perseguição das forças de repressão, em agosto de 1971, e a homenagem póstuma a ele prestada pelo Conselho Federal de Economia, pouco após sua morte.
Carrion encerrou a homenagem entregando à Casa um conjunto de fotos, vídeos e artigos do ex-parlamentar que deverão compor acervo do Memorial do Legislativo.
O líder do PDT na Assembleia, Adroaldo Loureiro, também usou seu tempo em plenário para destacar a trajetória de Carrion Jr.
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