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Foto: Walter Fagundes/Ag.AL
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Entre os seus projetos de lei sobre o tema em tramitação no Parlamento está um que propõe assistência técnica gratuita para o projeto e construção de moradias populares. Outro estabelece o direito a serviços públicos essenciais, como água e luz, também em áreas irregulares, para que as famílias não os utilizem de forma ilegal.
Carrion ressalta que, normalmente, a Assembleia não se dedica a essa temática, pois considera que ela deve ser tratada pelas câmaras municipais. No entanto, para ele, o assunto demanda também do Parlamento um esforço expressivo. “Tanto que um dos meus projetos é que a Comissão de Assuntos Municipais se transforme em Comissão de Assuntos Municipais e Habitação, porque não tem nenhuma comissão aqui que trate desse tema”, diz.
Na próxima legislatura, o deputado também pretende continuar se dedicando ao combate à discriminação das minorias. É de sua autoria o projeto de lei do Estatuto Estadual da Igualdade Racial, cuja versão federal, do senador Paulo Paim (PT), foi aprovada neste ano. É responsável ainda por uma proposição que institui cotas para afrobrasileiros nos concursos do Estado.
Entre os seus projetos sobre o tema que já foram aprovados estão a exigência do cardápio em braile para restaurantes com pelo menos 90 lugares e a reserva de vagas de estágio para portadores de deficiência. “Já havia reserva de vagas para os portadores de deficiências nos concursos públicos, mas era preciso ter também nos estágios, porque é nesse momento que eles adquirem experiência”, explica.
Ultimamente, o parlamentar tem se preocupado com uma questão adicional: as alternativas para o desenvolvimento do estado. Para discutir o tema, participa da Comissão de Assuntos Municipais e da Comissão de Economia. Em junho deste ano, também lançou a Frente Parlamentar em Apoio à Indústria de Máquinas e Equipamentos, com o objetivo de buscar a implantação de medidas que fortaleçam o setor no estado.
Carrion diz que o fato de ser o único representante do PCdoB na Assembleia exige trabalho intenso. “Não há debate de relevância no plenário que o nosso partido não opine e vote com consistência”, sustenta. Ele precisa, portanto, se posicionar sobre os mais diversos temas.
Perfil
Seu ambiente familiar de debate político o influenciou a se interessar pela militância partidária. Seu pai foi deputado suplente e seu irmão, Francisco Carrion Júnior, foi deputado estadual e federal.
Em 1963, aos 17 anos, Carrion já participava da Ação Popular (AP), que integrava o movimento estudantil brasileiro e combateu o regime militar. Em 1969, ingressou no Partido Comunista do Brasil. Preso pelos órgãos de repressão da ditadura, se exilou no Chile. Com o golpe que derrubou o presidente Salvador Allende, em 1973, buscou asilo na Argentina. Em 1976, porém, a Argentina também sofreu um golpe militar, o que fez com que Carrion voltasse ao Brasil. Com a Anistia, em 1979, começou a trabalhar em empresas do ramo metalúrgico e se destacar como liderança sindical.
Em 1988, com a democracia já restabelecida, foi candidato do PCdoB à Prefeitura de Porto Alegre. Logo depois, em 1992, candidatou-se a vereador da capital e ficou na 1ª suplência. Assumiu como titular em 1996. Foi eleito como vereador de Porto Alegre nos pleitos de 2000 e 2004, desta vez com a 4ª maior votação. Em 2006, deixou seu mandato na câmara municipal para assumir a vaga que conquistou no Legislativo estadual.
É casado com a chilena Elvira, que conheceu durante seu exílio no país vizinho. Tem uma filha adotiva, Maria Victória. Se formou em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1996 e é funcionário licenciado do Ministério Público Estadual.
Votação
Carrion foi reeleito para o seu segundo mandato no Parlamento com 34.791 votos, dos quais 18.050 em Porto Alegre. Obteve mais de mil votos em outras cidades da Região Metropolitana, como Sapucaia do Sul (1.381), Canoas (1.237), Alvorada (1.107) e São Leopoldo (1.019), mas registrou votação em 277 municípios.
Fonte: Agência ALRS
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