Carrion repudia ataque de Israel à frota de ajuda humanitária
O deputado Raul Carrion (PCdoB) usou a tribuna do plenário na Assembleia Legislativa para repudiar o ataque das forças armadas israelenses à frota de ajuda humanitária que dirigia-se à Faixa de Gaza, na tarde desta segunda-feira (1º).
Confira a íntegra do pronunciamento:
"Em nome da bancada do PCdoB, queremos usar desta tribuna para repudiar o ataque proferido pelas forças armadas israelenses à Frota da Liberdade nesta segunda-feira, ataque esse que foi feito em águas internacionais. A frota atacada dirigia-se à Faixa de Gaza para entregar à sua população mais de 10 mil toneladas de suprimentos, devido ao bloqueio impiedoso que vem sendo impetrado pelo Estado de Israel.
Esse verdadeiro ato de terrorismo perpetrado pelo Estado gendarme dos Estados Unidos no Oriente Médio causou a morte de 10 a 20 civis, deixando, também, mais de 40 feridos. Em torno de 700 pessoas foram feitas prisioneiras, entre elas a cineasta brasileira Iara Lee.
O ataque ocorreu às 4h30min da madrugada em alto-mar, atingindo seis barcos que – como dissemos – levavam alimentos, remédios, cadeiras de rodas e materiais de construção para 1,5 milhão de palestinos que estão bloqueados por Israel desde 2007. Foi o quarto comboio interceptado pelas forças armadas israelenses, ainda que até hoje não tivessem sido registradas vítimas, como ocorreu nesse recente ataque.
Os militares israelenses desceram de helicópteros na madrugada e atiraram, quando pisaram no convés, em pessoas indefesas e desarmadas.
A própria imprensa de Israel criticou duramente o seu governo, usando expressões como liderança de tolos, completa estupidez, fiasco em alto-mar, onde estavam com a cabeça.
A ONU, o Conselho Mundial da Paz, o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz, o Brasil, a Turquia, a França, o Paquistão, a Rússia, a China, a Argentina, o Irã e diversos outros países condenaram esse ato de lesa-humanidade. A autoridade palestina marcou três dias de luto em razão do massacre.
Perguntamos: os Estados Unidos, que defendem os direitos humanos, que lutam contra o terrorismo, se manifestaram contrariamente? Não, não repudiaram o ataque. Pediram explicações a Israel.
Vemos, dessa forma, o nível da hipocrisia dos ditos defensores dos direitos humanos, do imperialismo norte-americano, que mantém e subsidia Israel para que seja um país gendarme no Oriente Médio a serviço dos Estados Unidos. Aliás, Israel é um país armado até os dentes. Com um poderoso arsenal nuclear, sem que ninguém questione o fato, o país tem em torno de 400 ogivas atômicas.
Se algum outro país que não seja subalterno aos Estados Unidos ousar desenvolver energia nuclear, mesmo que pacífica, tem que dar explicações.
Não podíamos deixar de repudiar esse ato terrorista de Israel. E não devemos confundir o estado terrorista de Israel com o povo judeu. São coisas independentes. Em Israel, parcelas importantes de seu povo manifestaram-se contrárias a esse ato de terrorismo."