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Foto: Marco Couto/Ag.ALRS
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Na ocasião foi entregue à Eduardo Carrion, a Medalha de Mérito Farroupilha a seu irmão e ex-deputado, Carrion Júnior, morto em fevereiro de 2001, num acidente aéreo. A Medalha do Mérito Farroupilha é a maior honraria oferecida a cidadãos brasileiros ou estrangeiros que, por motivos relevantes, tenham-se tornado merecedores do reconhecimento do Parlamento gaúcho.
Confira o pronunciamento do deputado:
“Não poderia, neste momento, deixar de homenagear meu irmão, Francisco Machado Carrion Júnior, 1º-vice-presidente da Assembleia Constituinte, instalada em 26 de outubro de 1988, em nome de quem homenageio a todos os demais constituintes.
Carrion Júnior foi líder estudantil secundarista e universitário na década de 60, tendo se formado em Economia na UFRGS e obtido o doutorado na Universidade de Paris. Foi professor titular da Faculdade de Economia da UFRGS e destacou-se como comentarista econômico e assessor de inúmeros sindicatos, entre eles o Cpers.
Elegeu-se deputado estadual em 1982 e 1986, tendo exercido a presidência da Comissão de Economia e Desenvolvimento e da Comissão de Assuntos Municipais – por coincidência, as duas comissões de que sou titular, sem que soubesse que ele havia presidido ambas. Também foi 1º-vice-presidente desta Casa por duas vezes.
Eleito deputado federal em 1990, foi vice-líder da bancada do PDT e secretário de Planejamento e Administração do Rio Grande do Sul. Honrou o seu mandato e a tradição de políticos do Rio Grande do Sul, lutando pela redemocratização do País e pelos direitos do nosso povo.
Além da justa homenagem a todos os deputados constituintes, quero homenagear, no dia de hoje, aqueles homens e mulheres, muitos dos quais anônimos, que, no dia a dia da luta contra a ditadura – nas ruas, nas fábricas, nos campos, nas escolas, nas universidades –, defenderam a democracia, a soberania nacional e os direitos dos trabalhadores e de todos os oprimidos e explorados deste País. Sem eles, não teríamos a Constituinte de 1988 e a Constituinte Estadual de 1989.
Muitos pagaram a sua coragem com a prisão, com a tortura, com o exílio, com o banimento ou com a própria morte, como o coronel-aviador Alfeu de Alcântara, morto na base aérea de Canoas, no dia 4 de abril de 1964, por ter sido uma das peças-chaves para impedir que, em 1961, o palácio fosse bombardeado.
Cito também Manoel Raimundo Soares, o sargento das mãos amarradas, bem como o estudante Luiz Eurico Tejera Lisboa, os quatro gaúchos que deram a sua vida na luta guerrilheira do Araguaia, o médico João Carlos Haas Sobrinho, o metalúrgico José Huberto Bronca e os economistas Cilon da Cunha Brum e Paulo Mendes Rodrigues, heróis do povo brasileiro.
Mas, como disse a poeta comunista Lila Ripoll, deputada constituinte suplente de 1947: Morreram? Quem disse, se vivos estão? Não morre a semente, lançada ao chão. Seus frutos virão. E seu sacrifício não foi em vão. Seu exemplo frutificou na Constituinte de 1989, frutificou na luta pela anistia, frutificou na conquista da democracia.
Parabéns a todos e muito obrigado.”
Raul Carrion – Deputado Estadual (PCdoB)
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