Buchmann foi a segunda testemunha a ser ouvida na reunião desta segunda-feira (5). O ex-presidente respondeu às perguntas do relator Coffy Rodrigues (PSDB) e voltou a comentar a conversa que teria tido com o secretario adjunto de Administração, Genilton Macedo Ribeiro, já relatada ao Ministério Público Federal (MPF). Segundo Buchmann, no encontro Genilton informara sobre a divisão de valores desviados do Detran, ou seja, supostas propinas pagas a envolvidos nas fraudes.
O ex-presidente disse que não tem provas sobre esta conversa, que teria transcorrido informalmente, porém ressaltou e que “dizer a verdade” foi o que o motivou a depor. “Narrei porque era importante narrar”, sustentou. O diálogo foi relatado por Buchmann em depoimento ao MPF pouco antes de deixar o cargo no Detran. O trecho já havia sido analisado pelos membros da CPI, em reunião no dia 21 de setembro.
Contrato com Atento
Sérgio Buchmann assumiu a presidência do órgão dia 6 de maio deste ano e, conforme relatou em seu depoimento, dois dias antes foi procurado por advogados da Atento e pelo secretário da Transparência, Carlos Otaviano Brenner de Moraes. Eles teriam informado Buchmann sobre suposta determinação da governadora Yeda Crusius para negociar com a Atento.
Otaviano também teria entregue a Buchmann um documento da Atento, solicitando o pagamento da dívida de R$ 16 milhões e a repactuação do contrato. Segundo o ex-presidente, o documento estava endereçado a Otaviano e por isso foi devolvido a ele. Acrescentou que durante uma reunião, dias depois, foi discutido o prazo para dar resposta aos pedidos da empresa. Buchmann disse desconhecer o encaminhamento dado ao pedido.
"Fato estranho”
Em depoimento, Sérgio Buchmann disse que estranhou a visita que recebeu do chefe de gabinete da governadora, Ricardo Lied, acompanhado de dois delegados da polícia civil, por envolvimento com drogas. Entretanto, afirmou que não relaciona a visita, ocorrida dia 14 de julho deste ano, com a publicação da portaria que descredencia a Atento dias antes.
Estella prestou depoimento por cinco horas
A ex-presidente do Detran, Estella Maris Simon, foi a primeira testemunha das investigações da CPI da Corrupção. Delegada de Polícia, Estella completou cinco horas de oitiva. O foco do seu depoimento foi o contrato do Detran com a empresa Atento Service. A depoente relatou se contato com o advogado da empresa Atento Service, Osvaldo de Lia Pires, a pedido deste, para tratar da dívida apresentada pela empresa ao Estado. E disse que o advogado teria ameaçado levar o caso à Justiça. Em resposta, Estella Maris disse ter respondido que desconhecia a dívida e que a cobrança devia mesmo ser levada à Justiça. Estella não admitiu que tenha sofrido pressões para reconhecer a dívida de R$ 16 milhões cobrada pela Atento.
Disse que os valores supostamente devidos foram apresentados pela Atento no dia 31 de março de 2008, em reunião com a direção do Detran. A ex-presidente informou ter comunicado à governadora sua decisão de recomendar o encaminhamento do caso à Justiça. E Yeda Crusius, de acordo com a delegada, apoiou essa solução. “Não se paga nada. Deixa a Justiça resolver”, teria dito a governadora, segundo Estella.
A delegada disse ainda que nos dias seguintes tratou de buscar alternativa para substituir os serviços prestados pela Atento, encontrada no uso de um terreno da Secretaria de Segurança, que seria usado como depósito dos veículos guinchados, após negociação com o secretário de Segurança Pública, Edson Goulart que, inicialmente, discordava.
A depoente afirmou que apresentou o assunto aos secretários de Estado, em reunião dia 4 de abril. Em meio à negociação para uso do terreno da Secretaria de Segurança, o secretário da Transparência, Carlos Otaviano Brenner de Moraes, segundo Estella Maris, sugeriu adiantar valores à Atento, como alternativa para resolver o problema. Ela afirmou que não deu atenção à sugestão porque tinha o apoio da governadora: “Tive o respaldo dela na hora que eu precisei”. Otaviano teria sido também o responsável por comunicar à Estella que a Atento voltaria a prestar os serviços, em telefonema que precedeu a decisão da ex-presidente de deixar o cargo.
A ex-dirigente foi inquirida sobre atitudes de secretários que estariam ajudando a Atento. Mas baseou seu depoimento em documentos entregues à CPI sobre o tema. Em vários momentos, a depoente recorreu ao relatório que elaborou para entregar à Comissão, contendo informações sobre a contratação da Atento.
Com informações da Ag. Alers.
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