Porto Alegre, sábado, 21 de dezembro de 2024

   

Deputado Raul Carrion - PCdoB-RS

09/09/2009
Base de Yeda manobra para evitar acesso a documentos em CPI
Um evidente movimento para esvaziar os trabalhos e impedir as investigações. Assim o deputado Raul Carrion definiu a segunda reunião da CPI da Corrupção, realizada nesta terça-feira (08).
 

Carrion pede coerência a colegas da CPI

Os deputados da base do governo Yeda argumentaram sobre questões relativas ao plano de trabalho da CPI e ao próprio Regimento Interno da Assembleia para retardar a votação de 11 requerimentos que estavam na ordem do dia, relativos à convocação de testemunhas. Com o fim dos argumentos, a alternativa encontrada por 8 parlamentares foi retirar-se da reunião, impedindo quórum mínimo para a votação.
 
As discussões também giraram em torno do acesso e a validade de documentos recebidos pela presidente da Comissão, na última sexta-feira, da juíza da 3ª Vara da Justiça Federal em Santa Maria, Simone Barbisan Fortes, relativos à Operação Rodin, que investigou fraude no Detran gaúcha. Deputados da base de Yeda manobraram, na tentativa de evitar que os documentos fossem acessados pelos demais membros da Comissão.

Houve questionamentos também sobre a denominação da CPI, que não aceitam a presença da palavra “corrupção”.

Prerrogativa
Durante a reunião, Carrion lembrou o requerimento de criação da comissão assinado por 39 parlamentares, que define como uma das tarefas da Comissão analisar os documentos e provas resultantes das investigações realizadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. “Agora as provas estão aí e não querem ver”, disse o parlamentar. “Por coerência, os parlamentares que assinaram o pedido de abertura da CPI devem aceitar a incorporação dos documentos da Justiça", cobrou o parlamentar comunista.

A próxima reunião, convocada pela presidente da CPI, deputada Stela Farias (PT), para quinta-feira, às 12h, no Plenarinho, terá a mesma ordem do dia. “Se tiver quórum, votamos os requerimentos. Se não tiver, faremos a análise dos documentos que não estão sob sigilo de Justiça”, anunciou Stela.

A CPI
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as denúncias de fraudes financeiras, de atos lesivos ao interesse público, de crimes de lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, oriundos da corrupção foi instalada na Assembleia Legislativa em 26 de agosto.

Fruto das investigações da Operação Rodin, a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, e mais oito pessoas foram indiciadas por improbidade administrativa em  ação civil pública do Ministério Público Federal. Também foram indiciados Carlos Crusius (marido da governadora), o deputado federal José Otávio Germano (PP), os deputados estaduais Luiz Fernando Zachia (PMDB) e Frederico Antunes (PP), presidente do Tribunal de Contas do Estado, João Luiz Vargas, Walna Villarins Meneses (assessora da governadora), Delson Martini (ex-secretário geral do governo estadual), Rubens Bordini (vice-presidente do Banrisul e ex-tesoureiro da campanha de Yeda).

Pesam sobre eles acusações de enriquecimento ilícito, dano ao erário e infração de princípios administrativos, crimes relacionados à fraude que desviou cerca de R$ 44 milhões do Detran gaúcho.