Escolhida para a direção do Detran com a missão de reerguer o órgão após a descoberta da fraude milionária envolvendo a autarquia, a delegada Estella Maris Simon não resistiu às pressões contra medidas que vinha tentando implementar desde novembro de 2007, quando assumiu o cargo.
O líder do PCdoB na Assembleia, deputado Raul Carrion, afirmou que, se forem confirmadas as informações de que Stela caiu após tentar acabar com o contrato com uma empresa prestadora de serviços de guincho em Porto Alegre, a situação é grave e merece esclarecimentos.
A saída de Estella foi confirmada ontem, depois de ela entregar na Casa Civil uma resumida carta de demissão. O desabafo maior estava mesmo na mensagem eletrônica enviada a Yeda. No texto, a delegada da Polícia Civil ressalta que tem um nome a preservar e que pretende seguir cumprindo a lei. Em seguida, informa a governadora sobre problemas na manutenção do serviço de guincho e depósito prestado pela Atento Service e Logística Ltda. Estella, que não reconhece uma dívida de R$ 16 milhões que a empresa tenta cobrar do governo, estava disposta a romper o convênio, cujo prazo venceu em 3 de abril. A diretora entende que o serviço não devia ser prestado por uma única empresa e que poderia ser regionalizado.
Em meio a tensas tratativas envolvendo o tema dos guinchos, Estella recebeu, na noite de quinta-feira, um torpedo do secretário da Transparência. Na mensagem, Carlos Otaviano Brenner de Moraes pedia que a operação de substituição da Atento fosse cancelada, sugerindo que a empresa seguisse prestando o serviço. Ele teria dito que falava em nome da governadora. Estella pediu a ordem por escrito.
Como não a recebeu, a delegada ignorou o recado de Otaviano e colocou em prática a estratégia que organizara para dar fim ao vínculo com a Atento. Acionou guinchos de outras cidades para fazer o serviço de recolhimento de veículos na Capital. Além disso, mandou depositar os carros no pátio da sede da Secretaria da Segurança Pública, e não mais no terreno da empresa onde, atualmente, há cerca de 6 mil veículos parados.
Nos últimos dias, havia enfrentado uma maratona de conversas em prol da Atento. Recebera representantes do escritório Lia Pires, que atua em favor da Atento. Até o começo da noite de ontem, Estella não havia tido contato com a governadora, que foi quem lhe convocou, em 6 de novembro de 2007, para colocar o Detran em ordem. Naquele dia, a Polícia Federal desencadeara a Operação Rodin, que apurou uma fraude de mais de R$ 40 milhões na autarquia.
NOVO PRESIDENTE
O técnico Sérgio Buchmann deve ser confirmado como substituto da delegada Estella Maris Simon na presidência do Detran.Buchmann é hoje secretário adjunto da Secretaria Estadual do Planejamento e Gestão.
Da Redação, com informações de Zero Hora
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