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Desde que a Revolução
Cubana foi vitoriosa, em 1º de janeiro de 1959, os Estados Unidos
não descansaram um só minuto na tentativa de liquidá-la.
Já em fevereiro de 1959, foi detido o
norte-americano Allen Robert Mayer, que havia ingressado
cladestinamente em Cuba, com o qual foram encontrados planos para o
assassinato de Fidel Castro. Multiplicaram-se as violações dos
espaços aéreo e naval cubano e os lançamentos de fósforo branco nos
canaviais cubanos, por aeronaves procedentes dos EUA. Quinze milhões
de arrobas de açúcar foram incendiadas, em um ato de sabotagem.
Cuba respondeu nacionalizando diversas empresas
dos EUA. Foram confiscados os latifúndios da United Fruit e um
consórcio petrolífero estadunidense. Os Estados Unidos deram início,
então, a uma série de atos terroristas e retaliações econômicas e
diplomáticas. Em 4 de março, uma ação organizada pela CIA explodiu o
navio francês “La Coubre” – que transportava armas adquiridos na
Bélgica –, causando a morte de 101 pessoas e ferindo centenas.
Quando os EUA suspenderam o abastecimento de
petróleo a Cuba e a Esso, Texaco e Schell se recusaram a refinar o
petróleo soviético, comprado em sua substituição, o governo cubano
as nacionalizou. As companhias de telefone e de eletricidade, os
bancos nacionais e estrangeiros e outras 382 grandes empresas
tiveram a mesma sorte. A resposta estadunidense foi o embargo à
venda de quaisquer medicamentos a Cuba e a supressão da compra do
seu açúcar, tentando asfixiá-la. Cuba respondeu com uma maior
aproximação com os países socialistas, em especial com a URSS. Esta
passou a comprar açúcar de Cuba e a fornecer-lhe petróleo e outros
bens.
Em janeiro, os EUA romperam as relações
diplomáticas e iniciaram manobras militares contra Cuba, envolvendo
40 mil homens e 150 belonaves, inclusive submarinos atômicos. A CIA
iniciou a preparação de tropas mercenárias na Flórida, na Nicarágua
e na Guatemala. Os avanços obtidos pelo governo revolucionário eram
minados por reiterados atentados terroristas a partir de Miami, com
apoio estadunidense, e pela ação de grupos contrarrevolucionários na
Serra do Escambray, armados e sustentados pelos EUA.
No dia 15 de abril de 1961, oito bombardeiros
B26 atacaram - a partir de uma base aérea na Nicarágua, os
aeroportos de Santiago de Cuba, Ciudad Libertad e San Antônio de Los
Baños, com o objetivo de destruir em terra a Força Aérea cubana. O
bombardeio causou 53 feridos e 7 mortos cubanos. Um dos B26 foi
derrubado e seus dois tripulantes morreram. Era o prelúdio da
invasão de Playa Girón.
No dia 17 de abril, teve início a “Operação
Pluto”, com a participação de 1.500 homens treinados pelos EUA na
Nicarágua, que saíram de Puerto Cabezas em cinco navios de guerra
estadunidenses, escoltados por outras belonaves e com o apoio de
aviões estadunidenses disfarçados com insígnias cubanas. Essas
forças desembarcaram em dois pontos da Bahia de Cochinos – Playa
Girón e Playa Larga– onde deveriam estabelecer uma cabeça de praia e
constituir um governo provisório, que solicitaria (e obteria de
imediato) a intervenção direta dos Estados Unidos em Cuba
A ação rápida das Forças Armadas de Cuba –
dirigidas pessoalmente por Fidel Castro e com total apoio da
população – derrotou em menos de 72 horas a invasão da “Baía dos
Porcos”, frustrando os planos estadunidenses, e Fidel Castro pode
anunciar que “o imperialismo ianque sofreu na América a sua
primeira grande derrota”. Desgastado, o Presidente John Kennedy
assumiu toda a responsabilidade pela invasão fracassada.
Os atacantes tiveram 89 mortos, 250 feridos e
1.179 capturados. Julgados, 5 sofreram a pena de morte e 9 foram
condenados a 30 anos de prisão. Os demais poderiam optar entre pagar
62 milhões de dólares de indenização pelos prejuízos causados ou 30
anos de prisão com trabalhos físicos obrigatórios. Depois de longas
negociações, Cuba aceitou que os EUA pagassem esses 62 milhões, sob
a forma de alimentos e remédios para as crianças cubanaas e libertou
os invasores. Foi a primeira vez em toda sua história que os EUA
pagaram uma indenização de guerra e Fidel Castro afirmou que “a
partir de Girón, todos os povos da América ficaram um pouco mais
livres!”
Tendo seus mercenários derrotados em Playa
Girón, os EUA começaram a preparar uma intervenção direta em Cuba.
Para isso, iniciaram uma série de provocações na Base de Guantanamo,
buscando um pretexto para invadir Cuba. Em julho de 1961, capturaram
e assassinaram o pescador cubano Rodolfo Rossel e em outubro
detiveram, torturaram e assassinaram o operário da Base Rubem
Samariego.
O povo cubano respondeu a essas agressões dos
EUA com a criação dos Comitês de Defesa da Revolução (CDRs) e das
Milícias Nacionais Revolucionárias, fortalecendo o apoio popular à
revolução, que passou a declarar-se socialista. Se impôs a
necessidade de forjar uma grande unidade das forças populares, em
defesa da revolução e contra os seus inimigos internos e externos.
Os trabalhadores se unificaram na Central de Trabalhadores de Cuba
(CTC), os estudantes na Associação de Jovens Rebeldes (AJR), as
mulheres na Federação de Mulheres de Cuba (FMC) e os camponeses
criaram a Associação Nacional de Agricultores Pequenos (ANAP).
O mesmo ocorreu no âmbito partidário: o Partido
Socialista Popular (PSP) – que sucedera o antigo Partido Comunista
–, o Diretório Revolucionário 13 de Março e o Movimento
Revolucionário 26 de Julho fundiram-se nas “Organizações
Revolucionárias Integradas” (ORI), que em setembro de 1965
transformaram-se no Partido Unido da Revolução Socialista de Cuba
(PURSC) e que, em 1º de outubro de 1965, passou a chamar-se Partido
Comunista de Cuba (PCC). Já a AJR transformou-se, em abril de 1962,
na União de Jovens Comunistas (UJC).
Assim, a existência de um único partido em Cuba
decorreu exatamente da necessidade da mais férrea unidade do povo
cubano para conseguir enfrentas às reiteradas agressões dos Estados
Unidos à Cuba, em flagrante desrespeito à autodeterminação do povo
cubano e ao Direito Internacional.
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