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Na madrugada de 8 para 9 de maio de 1945, na Berlim
ocupada pelo Exército Vermelho, o marechal-de-campo alemão Keitel, o
coronel-general da Força Aérea Stumpf e o almirante Friedeburg
assinaram a rendição incondicional da Alemanha nazista frente à
União Soviética, representada no ato pelo marechal-de-campo Georgui
Zhúkov, e seus aliados ocidentais.
Dessa forma, fracassou a tentativa alemã de realizar
uma paz em separado com os EUA, Grã-Bretanha e França, capitulando
somente frente aos aliados ocidentais, conforme foi feito no dia 8
de maio, em Reims, na França, quando o coronel-general Jodl firmou a
“rendição alemã” perante o tenente-coronel Walter Smith, do Alto
Comando anglo-americano, e o general François Sevez, da França.
A URSS protestou e exigiu a rendição formal da
Alemanha em Berlim, o que aconteceu no dia 9 de maio. Onze dias
antes, Benito Mussolini havia sido capturado por partisans
comunistas – quando fugia para a Suíça, acompanhando soldados
alemães – e fuzilado, pondo fim à República Social Italiana
(“República de Salò”) no Norte da Itália, títere da Alemanha
nazista.
Assim, a 2ª Guerra Mundial foi concluída na Europa
com o aniquilamento da Alemanha nazista e dos últimos fascistas pela
União Soviética – com a ajuda dos aliados ocidentais –, sepultando
os planos da grande burguesia alemã de impor ao mundo a dominação da
raça ariana e a escravização dos ditos “povos inferiores”.
FESTEJAR A VITÓRIA, MAS DENUNCIAR QUEM APOIOU A
ASCENSÃO DO NAZIFASCISMO!
Ao comemorarmos os 80 anos da vitória contra o
nazifascismo, é preciso denunciar aqueles que ajudaram os fascistas
e os nazistas a conquistarem o poder e a conduzir o mundo à 2ª
Guerra Mundial, tragédia que causou a morte de mais de 85 milhões de
pessoas, das quais 25 milhões só na URSS. Em comparação, as vidas
perdidas pelos EUA e a Grã-Bretanha em toda a guerra não totalizaram
800 mil.
Só os muito ingênuos acreditam que o fascismo e o
nazismo foram criações de indivíduos “loucos” e “perversos” – no
caso Mussolini e Hitler –, que desde o início teriam sido combatidos
pelas “democracias” ocidentais...
Um exame sério do processo histórico nos mostra que
a ascensão do fascismo na Itália e do nazismo na Alemanha contou com
a adesão entusiástica dos grandes grupos industriais e financeiros
italianos e alemães, e com o apoio das principais potências
imperialistas – Inglaterra, França e Estados Unidos – que depois de
terem sido derrotadas na intervenção militar contra o recém criado
poder soviético (1918-1921) passaram a enxergar no fascismo e no
nazismo um dique para conter as revoluções socialistas na Europa e
um aríete para destruir a primeira experiência socialista na União
Soviética.
A ASCENSÃO DO FASCISMO NA ITÁLIA COM A CONIVÊNCIA DAS
“DEMOCRACIAS OCIDENTAIS”
No seu início, o movimento fascista tinha reduzida
influência na Itália e só tomou corpo quando passou a ser visto
pelos grandes proprietários rurais e pela grande burguesia italiana
como úteis no combate às lutas operárias e camponesas, que sacudiram
a Itália nos anos 1919 e 1920, e para os seus projetos
expansionistas.
Importantes industriais e banqueiros italianos –
como Pirelli, Olivetti, Benni, Perrone, Volpi, Polano, Odero,
Toeplitz – passaram então a financiar os grupos de combate
fascistas, que atacavam sedes e jornais socialistas e assassinavam
lideranças operárias e camponesas.
Com amplo apoio na Côrte, nos altos mandos do
Exército, entre os príncipes da Igreja e na família real, os
fascistas deram início em 27 de outubro de 1921 a sua “marcha sobre
Roma”. Abrindo mão de reprimi-los e dispersá-los, o rei Vitorio
Emanuelle III entregou o poder a Mussolini e o autorizou a formar um
governo fascista.
Nos anos que se seguiram, Mussolini eliminou uma a
uma as liberdades democráticas e instituiu uma feroz ditadura
fascista, para o que contribui a atitude dos partidos “liberais” e
“democráticos”, que se negaram a formar uma grande frente
antifascista junto com os socialistas e os comunistas.
A reação dos líderes das democracias ocidentais
diante da ascensão dos fascistas na Itália foi de satisfação. No
mesmo momento em que os fascistas assassinavam o deputado socialista
Matteotti, o 1º Ministro inglês Ramsay Mac Donald enviava cartas
amistosas a Mussolini e o futuro Chanceler Neville Chamberlain
trocava fotos com o ditador italiano. Winston Churchill – que já
havia elogiado Mussolini como o “salvador do seu país e grande
estadista europeu” – afirmou em 1927 que “se eu fosse
italiano, eu seria fascista”.
O Papa Pio XI – exultante porque o catolicismo havia
sido declarado religião oficial da Itália e base do seu ensino e
pelo reconhecimento do Estado do Vaticano pela Concordata –
elogiou Mussolini e disse que ele era um homem que “a Providência
[Divina] nos fez encontrar”.
Do outro lado do Atlântico, a revista Time
colocou na capa da sua edição de 12 de junho de 1926 uma simpática
foto de Benito Mussolini, com a legenda “Benito and Italia bella”
e o Banco Morgan lhe concedeu um generoso empréstimo de 100 milhões
de dólares.
Como afirmou Lindolfo Collor, Ministro do Trabalho
de Getúlio Vargas, “quando o sr. Mussolini organizou o fascio, o
que ele tinha em vista antes de mais nada, era combater o comunismo.
[...] assim ele se apresentou à face da Itália, assim o compreendeu
o mundo. [...] O fascismo existia como um antídoto do comunismo”
O REERGUIMENTO DA ALEMANHA PARA USÁ-LA CONTRA A URSS
Após a derrota de sua intervenção militar na Rússia
Soviética, a Inglaterra, a França e os Estados Unidos mudaram de
tática em relação à Alemanha – espoliada pelo Tratado de Versalhes –
e trataram de reerguê-la, para lançá-la contra a URSS.
Em 1924 o Plano Dawes – elaborado pelos EUA,
Grã-Bretanha, França, Itália e Bélgica – amenizou e postergou o
pagamento das indenizações impostas à Alemanha, aceitou a evacuação
do Ruhr pela França e promoveu grandes investimentos estadunidenses
e ingleses na Alemanha. Em fins de 1925, a Conferência de Locarno
estabeleceu vários acordos para recuperar a economia alemã e
discutiu uma ação conjunta contra a URSS. Em 1926, a Alemanha foi
admitida na “Sociedade das Nações”, inclusive no seu “Conselho de
Segurança”.
Como afirmou o historiador inglês Palme Dutt, “foi
julgado essencial reconstruir e armar o imperialismo alemão contra a
União Soviética [...] partiam do princípio de que uma [...] guerra
germano-soviética enfraqueceria e destruiria, simultaneamente, as
duas principais potências consideradas pela Inglaterra como ameaças
ao seu imperialismo.”
Em agosto de 1929, foi aprovado o Plano Young, em
substituição ao Plano Dawes, viabilizando o pagamento das
indenizações impostas à Alemanha em condições ainda mais favoráveis.
Ele só não foi aplicado devido a crise de 29, que mergulhou a
Alemanha em uma crise terrível que abriu caminho para a ascensão de
Hitler em 1933.
OS NAZISTAS CONQUISTAM O PODER COM A AJUDA DA GRANDE
BURGUESIA ALEMÃ E MUNDIAL
O Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores
Alemães – no qual a palavra “socialista” foi incluída por Hitler
para atrair os trabalhadores sob influência socialista – era
insignificante quando surgiu em 1920. Em 1923, Hitler e os seus
partidários organizaram uma “Marcha sobre Berlim”, imitando
Mussolini, mas foram desbaratos e Hitler foi condenado a cinco anos
de prisão, dos quais só precisou cumprir nove meses.
Na prisão, Hitler escreveu Minha Luta, onde
misturou nacionalismo xenófobo com racismo genocida e anticomunismo
visceral. Para a burguesia monopolista alemã soou como música a sua
afirmação de que a expansão alemã na busca de “espaço vital’ para a
raça de ariana devia dirigir-se para o Leste, com o objetivo de
destruir a Rússia Soviética e ali obter terras para os colonos
alemães,
A crise econômica da Alemanha – causada pelas
indenizações que lhe foram impostas em Versalhes e agravada pela
crise de 1929 – fez as lutas operárias se multiplicarem e fortaleceu
o Partido Comunista. O grande capital passou, então, a ver no
nazismo – que pregava o extermínio dos comunistas, a anulação das
indenizações de guerra, o rearmamento da Alemanha e a destruição da
URSS – o grande instrumento para derrotar a revolução.
A partir de então, os nazistas passaram a receber
apoio e vultuosos recursos da grande burguesia alemã. Thyssen
(siderurgia), Kirdorf (carvão) Krupp (aço e armamentos), IG-Farben
(Basf, Bayer e Hoechst), Oetker (alimentos), foram alguns dos
grandes monopólios alemães que alimentaram a vitória de Hitler e
estiveram por trás de sua política genocida e belicista.
Em 21 de dezembro de 1931 – momento em que Hitler
buscava reconhecimento nacional e internacional – a revista
estadunidense Time lhe prestou um inestimável serviço ao
estampar na capa a sua foto...
Em 30 de janeiro de 1933, o presidente da Alemanha,
o marechal Hindenburg, com o apoio dos demais partidos burgueses,
nomeou Adolf Hitler 1º Ministro. Sob o pretexto do incêndio do
Parlamento alemão – provocado pelos próprios nazistas – Hitler
prendeu mais de 4 mil comunistas e fez Hindenburg assinar o
Decreto para a Proteção do Povo e do Estado, suspendendo todas
as garantias constitucionais e lhe dando enormes poderes. Em 9 de
março, foram cassados todos os mandatos comunistas e em 23 de março
foi aprovada lei que deu plenos poderes ao Führer, fazendo do
parlamento um mero simulacro. Não tardaram a surgir os primeiros
campos de concentração e extermínio de comunistas, judeus, ciganos,
doentes mentais e homossexuais.
Instalada a ditadura nazista, Henry Ford – admirador
declarado de Hitler – estreitou suas relações com a Alemanha. Nos
anos seguintes, a Ford forneceu um terço dos caminhões que
motorizaram os exércitos nazistas. Em recompensa, Hitler lhe
concedeu em 1938 a “Grã-Cruz da Ordem da Águia Alemã”. A General
Motors não ficou atrás e passou a fabricar na Alemanha – através de
sua subsidiária OPEL – os caminhões Blitz, que o deram nome
aos ataques relâmpagos alemães, as Blitzgrieg. A GM também
forneceu os motores para os caças Messersmitt 262 e intermediou a
transferência da tecnologia do chumbo tetra-etila, essencial
para os combustíveis militares. O presidente da GM de Ultramar,
James Mooney, foi igualmente agraciado por Hitler, em 1938, com a
“Grã-Cruz da Ordem da Águia Alemã”.
A Standard Oil da família Rockfeller, firmou
diversos acordos de patentes com a IG Farben, que veio a produzir o
Zyklon B, utilizado para o extermínio de prisioneiros nos
campos de concentração alemães. E a “filantrópica” Fundação
Rockfeller financiou as experiências eugenistas de Josef Mengele (o
“Anjo da Morte”) em Auschwitz. Coube à IBM o desenvolvimento –
através da sua subsidiária alemã – de soluções técnicas para o
“tratamento de dados” dos prisioneiros nos campos de concentração
nazistas.
Eduardo VIII, o Duque de Windsor – sucessor da coroa
britânica – nunca ocultou a sua simpatia por Hitler e sempre
defendeu uma aliança com a Alemanha para “deter o comunismo”. O
chamado “grupo de Cliveden” – liderado por Chamberlain, Halifax,
Lord e Lady Astor – também era a favor de um entendimento com
Hitler. Henry Deterding, que durante 40 anos foi o Diretor Geral da
Schell, afirmou que os nazistas eram a única solução frente à ameaça
comunista e emprestou 30 milhões de libras a Hitler, em 1931, para
impulsionar a sua caminhada ao poder.
Como afirmou Daniel Muchnik: “o surgimento de
Hitler não teria sido possível sem o apoio de empresários alemães e
estrangeiros, angustiados diante da possibilidade [...] de serem
derrotados pelo comunismo que pulsava no Leste e se propagava a toda
Europa.”
AS “DEMOCRACIAS” OCIDENTAIS PASSAM A APOIAR O FASCISMO
EM TODA PARTE
Após a vitória da Revolução Russa, a substituição de
regimes de democráticos por ditaduras terroristas não se restringiu
à Itália e à Alemanha.
Em 1920, foi imposta à Hungria a ditadura do
almirante Horty. Em 1923, a Espanha caiu sob a ditadura do general
Primo de Rivera e na Bulgária um golpe militar impôs o governo
Zunkov. Em 1926, os governos democráticos de Portugal, Polônia e
Lituânia, foram substituídos por regimes fascistas e
antissoviéticos. Em 1929, o rei Alexandre estabeleceu a sua ditadura
na Iugoslávia. Em 1933, Dollfuss instaurou uma ditadura clerical
fascista na Áustria. Em 1932, foram instalados governos ditatoriais
e antissoviéticos na Estônia e na Letônia
Em 1936, ocorreu o levante do General Franco que,
com a ajuda de tropas alemãs e italianas, derrubou a República
espanhola e instalou um regime fascista, que assassinou dezenas de
milhares republicanos e forçou ao exílio mais de um milhão de
espanhóis. Em nome da “não intervenção”, as ditas “democracias”
ocidentais” fecharam os olhos à intervenção nazifascista e se
negaram a vender armas para que a República se defendesse. Só a
União Soviética – rompendo o bloqueio ocidental – entregou armas e
ajudou a República espanhola sitiada.
Ainda em 1936, o general Metaxas deu um golpe de
Estado na Grécia, matando 50 mil comunistas. Na França, o golpe
fascista dos bandos armados da Croix de Feux e dos
Cavaleiros do Rei – financiados, por grandes grupos econômicos
como De Wendel e Scheneider – só foi derrotado pela união das forças
democráticas e de esquerda. Em 1938, o Japão proclamou a “Nova
Ordem” e militarizou o país.
Fica claro que amplos setores da burguesia
monopolista – atemorizados pelo avanço do socialismo na União
Soviética e pelo fortalecimento das lutas operárias – não vacilaram
em abandonar seus pruridos democráticos e em assumir a defesa de
ditaduras terroristas contra os trabalhadores e em pregar uma “santa
aliança” contra a URSS. Para isso, o nazismo e o fascismo caíam como
uma luva!
A MILITARIZAÇÃO DA ALEMANHA E A SUA MARCHA PARA O
LESTE
Coerente com o projeto apresentado em Minha Luta,
logo após assumiu o poder, Hitler iniciou o rearmamento acelerado da
Alemanha e a sua marcha para o Leste. Em 1934, assinou com a Polônia
um pacto de não agressão, abertamente antissoviético. Em 1935,
firmou com a Inglaterra um acordo naval que lhe permitia aumentar em
até quatro vezes a sua Marinha de Guerra, fazendo tábula rasa
do Tratado de Versalhes. Nesse mesmo ano, a Alemanha incorporou o
Sarre e, em março de 1936, ocupou a Renânia desmilitarizada, sem
qualquer reação das “democracias” ocidentais.
Em outubro de 1936, a Alemanha e a Itália formaram o
Eixo Berlim-Roma, ostensivamente antissoviético.
Posteriormente, o Japão também aderiu ao Eixo. Em novembro de
1936, a Alemanha e o Japão criaram o Pacto Anticomintern,
para combater a Internacional Comunista. A Itália aderiu a ele em
1937 e a Espanha franquista em 1939.
Nessa época, o 1º Ministro inglês Stanley Baldwin
afirmou cinicamente: “todos nós temos conhecimento do desejo da
Alemanha de avançar em direção ao Leste, exposto por Hitler no seu
livro. Se avançasse para o Leste, o meu coração não se partiria. Se
na Europa surgisse uma disputa, eu gostaria que fosse entre os
bolcheviques e os nazistas.”
Em março de 1938 – depois da concordância da
Inglaterra, França e Estados Unidos – Hitler anexou a Áustria, dando
início à sua prometida marcha “para o Leste”. Em abril de 1938, a
Inglaterra deu “carta branca” à Itália fascista para a sua invasão
da Abissínia e para a sua intervenção na Guerra Civil Espanhola.
Em outubro de 1938 – desprezando mais uma vez a
proposta soviética de constituir um bloco militar para deter a
Alemanha nazista –, a Inglaterra, a França e a Itália impuseram a
Checoslováquia o Acordo (Traição) de Munique, que entregou à
Alemanha os Sudetos checos, onde viviam minorias alemãs. Com isso, a
Checoslováquia perdeu todas as suas fortificações fronteiriças e
ficou à mercê da Alemanha. Em março de 1939, Hitler ocupou o resto
da Checoslováquia, sem qualquer reação das “democracias” ocidentais.
Ainda em março, a Alemanha arrebatou Memel à Lituânia e impôs à
Romênia, um tratado que a transformou em um apêndice da sua economia
e em uma base militar alemã.
Em abril de 1939, a Itália ocupou impunemente a
Albânia nos Balcãs.
Encorajada pela inação do ocidente, a Alemanha
denunciou o acordo naval com a Inglaterra e o Tratado de
não-agressão com a Polônia e passou a exigir a entrega da cidade de
Dantzig e o livre trânsito alemão pelo “corredor polonês”. Ficou
claro que a próxima vítima seria a Polônia, que tinha pactos
militares e de defesa com a Inglaterra e a França.
INGLATERRA E FRANÇA SE NEGAM A UMA AÇÃO CONJUNTA COM A
URSS PARA DETER A ALEMANHA
Diante da crescente agressividade da Alemanha e de
seus aliados, a URSS propôs a realização de uma Conferência de
representantes da URSS, França, Inglaterra, Romênia, Turquia e
Polônia, para firmar um pacto diplomático-militar, capaz de deter a
agressão alemã, mas a proposta não foi aceita.
Em abril de 1939, a URSS propôs à Inglaterra e à
França um convênio militar que desse garantias a todos os países que
tinham fronteiras com a URSS, do Mar Báltico ao Mar Negro. Depois de
21 dias de espera, a resposta foi negativa, acompanhada da sugestão
de que a URSS desse garantias unilaterais à Polônia e à Romênia...
Em fins de maio, pressionados pela opinião pública,
os governos da França e da Inglaterra aceitaram entabular
negociações genéricas com a URSS, enquanto negociavam secretamente
um acordo com Hitler para entregar a Polônia “de mão beijada”. Recém
em 8 de julho a Inglaterra enviou a Moscou um funcionário do
Departamento Diplomático, sem qualquer poder de decisão. Também a
França enviou funcionários subalternos.
Quando, em 12 de agosto, os soviéticos pediram que
as delegações francesa e inglesa apresentassem as suas credenciais
para assinar um pacto, ambas disseram não ter autorização para isso.
Consultadas sobre a concordância da Polônia com a entrada de tropas
soviéticas no seu território, em caso de ataque alemão, para a URSS
cumprir seus compromissos, não souberam responder. Ficava claro que
não havia nenhuma intenção de fazer um pacto de defesa com a URSS.
Em consequência, as tratativas foram suspensas em 21 de agosto.
O PACTO GERMANO-SOVIÉTICO DE NÃO-AGRESSÃO E O INÍCIO
DA 2ª GUERRA MUNDIAL
Com a operação contra Polônia marcada e temeroso
desse pacto tripartite, Hitler sinalizou a Moscou o seu interesse em
uma aproximação e em 20 de agosto solicitou a Stalin que recebesse
Ribbentrop nos próximos dia. Convencido da desonestidade das
negociações inglesa e francesa, Stalin aceitou.
No dia 23 de agosto, a URSS e a Alemanha firmaram um
tratado de não-agressão (dois anos depois desrespeitado por Hitler).
Também foi firmado um protocolo secreto – aceito a contragosto por
Hitler – que afirmava que “no caso de uma transformação política
e territorial dos territórios pertencentes ao Estado polonês, as
esferas de interesse da Alemanha e da URSS serão limitadas
aproximadamente pela linha dos rios Narew, Vístula e San”.
Assim, Stalin assegurou que no caso de um ataque da Alemanha à
Polônia e do colapso desta, os territórios poloneses que haviam sido
subtraídos à URSS em 1920 pelo tratado de SPA, retornariam à Pátria
soviética e não ficariam em mãos nazistas. Da mesma forma, o
protocolo dispunha que “No caso de uma transformação territorial
e política nos territórios pertencentes aos Estados Bálticos [...] a
fronteira norte da Lituânia representará a fronteira das esferas de
interesse tanto da Alemanha como da URSS.” Com isso, a Alemanha
ficou excluída dos Estados Bálticos e dos territórios ocidentais da
Polônia.
Oito dias depois, em 1º de setembro de 1939, a
Alemanha atacou a Polônia, dando início a 2ª Guerra Mundial, Em
poucos dias, a Polônia colapsou, sem que a Inglaterra e a França
movessem um único dedo para defendê-la. Quanto aos Estados Unidos,
declararam-se “neutros”. Só em 17 de setembro, quando o governo
polonês fugiu do país e refugiou-se em Londres, abandonando o seu
povo à própria sorte, as tropas soviéticas avançaram e ocuparam os
territórios ucranianos e bielo-russos que a Polônia lhe havia
arrancado ao final da Grande Guerra, impedindo que a Alemanha
nazista os tomasse.
CONCLUSÃO
O exame do processo que levou à instauração dos
regimes fascista, na Itália, e nazista, na Alemanha, nos mostra que
eles resultaram do esforço da grande burguesia desses países de
derrotar as lutas operárias em ascenso e de destruir a União
Soviética, para o que contaram com a conivência e o apoio das ditas
“democracias” ocidentais.
Da mesma forma, a chamada “política de
apaziguamento” das potências ocidentais em relação à Alemanha
nazista – aceitando o seu rearmamento, a ocupação do Ruhr, a
anexação da Áustria, a tomada dos Sudetos, a invasão da
Checoslováquia – nada tem a ver com qualquer esforço para evitar a
guerra. Ao contrário, foi uma estratégia premeditada que tinha por
objetivo empurrar a Alemanha para uma guerra contra a Rússia,
visando o enfraquecimento de ambas, para assim impor a sua hegemonia
a todo o mundo. Só que “o feitiço voltou-se contra o feiticeiro” e a
Alemanha – temerosa de enfrentar a URSS – preferiu primeiro ocupar
toda a Europa ocidental, para só então lançar-se contra o país dos
sovietes.
Conhecendo esses antecedentes, não pode nos
surpreender que nos dias de hoje os EUA e a OTAN apoiem e armem os
neonazistas ucranianos, com o objetivo de manter o seu domínio sobre
os povos do mundo.
Que os festejos
do “Dia da Vitória” sirvam de aviso aos fautores de guerra e aos
opressores dos povos de que, assim como as hordas nazifascistas
morderam o pó da derrota em 9 de maio de 1945, a mesma sorte os
espera! |