Na madrugada do dia 8 para o dia 9 de maio de 1945, na
Berlim tomada pelo Exército Vermelho, o marechal de campo
alemão Wilhelm Keitel – secundado pelo coronel-general da
Força Aérea Hans Stumpf e pelo almirante Friedeburg –
assinou a ata de rendição incondicional da Alemanha nazista
frente à URSS – representada nesse ato pelo vice-comandante
supremo das forças armadas soviéticas, marechal de campo
Gueorgui Júkov – e seus aliados ocidentais, representados
pelo comandante da Força Aérea estratégica dos EUA, general
Carl Spaatz, pelo marechal da Força Aérea da Grã-Bretanha,
Arthur Tedder, e pelo comandante em chefe do Exército
francês, general Jean de Lattre de Tassigny,
O
primeiro parágrafo do ato de rendição afirmava:
“Nós abaixo assinados, agindo em nome do alto-comando da
Alemanha, junto ao comando do Exército Vermelho e ao comando
supremo das Forças Expedicionárias Aliadas, estamos de
acordo com a rendição incondicional de todas as nossas
forças armadas do mar, terra e ar, bem como todas as forças
que no momento se encontram sob o comando alemão.”
Em
30 de abril, Hitler havia se suicidado em Berlim e em 2 de
maio a bandeira da foice e do martelo havia sido hasteada no
Reichstag, o parlamento alemão.
Dessa forma, fracassou a tentativa nazista de realizar uma
paz em separado com os EUA, Grã-Bretanha e França,
capitulando somente frente aos aliados ocidentais – conforme
foi feito na madrugada de 8 de maio, em Reims, na França,
quando o coronel-general Jodl firmou a “rendição alemã”
perante o tenente-general Walter Smith, do Alto Comando
anglo-americano, e do general François Sevez, da França.
A
URSS protestou e exigiu a rendição formal da Alemanha em
Berlim, o que acabou acontecendo.
Assim, a guerra na Europa foi concluída com o aniquilamento
do nazifascismo pela União Soviética (com a ajuda dos
aliados ocidentais), sepultando os planos de Hitler e dos
grandes capitalistas alemães de impor ao mundo a dominação
da “raça ariana” e a escravização dos ditos “povos
inferiores”.
FESTEJAR
A VITÓRIA, DENUNCIANDO QUEM “CEVOU” A ASCENSÃO DO
NAZIFASCISMO
Ao
comemorarmos os 77 anos da derrota do nazifascismo, impõe-se
examinar quem contribuiu para a sua ascensão ao poder e,
dessa forma, para a tragédia da Segunda Guerra Mundial, que
consumiu mais de 85 milhões de vidas, das quais 25 milhões
só da URSS.
Em
comparação, todas as perdas dos EUA e da Grã-Bretanha,
somadas, não chegaram a 800 mil pessoas...
Ao
contrário do que muitos pensam, o nazifascismo não foi uma
criação de “loucos” – no caso Mussolini e Hitler – mas o
resultado de um projeto premeditado da Inglaterra, França,
Estados Unidos e seus grandes grupos econômicos, que
pretendiam fazer do nazifascismo um dique às revoluções
socialistas na Europa e um aríete para destruir a União
Soviética.
A
chamada “política de apaziguamento” das potências ocidentais
em relação à Alemanha nazista – aceitando o seu rearmamento,
a ocupação do Ruhr, a absorção da Áustria e dos Sudetos e a
invasão da Checoslováquia – tampouco teve a ver com qualquer
esforço para evitar a guerra.
Ao
contrário, foi uma estratégia de “empurrar” a Alemanha para
uma guerra com a URSS, visando o enfraquecimento de ambas,
com o objetivo de impor a sua hegemonia ao mundo. Só que “o
feitiço se voltou contra o feiticeiro”.
Adolf Hitler não teria conseguido assaltar o poder na
Alemanha sem o apoio de poderosos grupos industriais e
financeiros alemães – Krupp, Thyssen, IG-Farben, magnatas do
carvão e do aço – que enxergaram nele um dique à revolução
que crescia em toda a Europa.
Não
é segredo para ninguém a grande ajuda dos Estados Unidos à
Alemanha, após Versalhes, com o objetivo de fazer dela uma
trincheira contra a revolução na Europa e no mundo.
Em
1924, foi elaborado o “Plano Dawes”, através do qual os
norte-americanos e os ingleses investiram enormes recursos
na reconstrução econômica e militar da Alemanha.
Depois que Hitler impôs a sua ditadura nazista, Henry Ford
estreitou os laços com a Alemanha, tendo fornecido um terço
dos caminhões que motorizaram os exércitos nazistas. Em
recompensa, recebeu de Hitler a “Grã-Cruz da Ordem da Águia
Alemã”.
A
General Motors, não ficou atrás e passou a fabricar na
Alemanha – através da sua subsidiária OPEL – os caminhões
“Blitz que na guerra deram o nome aos ataques motorizados
alemães, às “Blitzgrieg”. Da mesma forma, forneceram os
motores para os caças Messersmitt 262. Além disso, a GM
intermediou a transferência da tecnologia do “chumbo
tetra-etila” – aditivo essencial para os combustíveis
militares.
A
Standard Oil, da família Rockefeller, firmou acordos de
patente com a IG Farben, a qual veio a produzir o raticida
Zyklon B, utilizado para o extermínio de milhões de
prisioneiros nos campos de concentração do Reich.
E a
“filantrópica” Fundação Rockefeller financiou experiências
eugenistas na Alemanha, realizadas, entre outros, pelo “Anjo
da Morte” de Auschwitz, Josef Mengele.
Já
a IBM, através de sua subsidiária alemã, elaborou os
procedimentos técnicos para o “tratamento de dados” dos
prisioneiros exterminados nos campos de concentração
nazistas.
Eduardo VIII, o Duque de Windsor – sucessor direto da coroa
britânica – nunca ocultou a sua simpatia por Hitler e
defendeu uma aliança com a Alemanha nazista, para “deter o
comunismo”.
O
chamado “grupo de Cliveden” – dirigido por Lord e Lady
Astor, Chamberlain e Halifax – também propunha um
entendimento com Hitler.
E o
próprio Churchill – quando Mussolini instaurou o fascismo na
Itália – o elogiou como o “salvador de seu país e grande
estadista europeu”.
Henry Deterding – que foi diretor geral da Schell por
quarenta anos – apoiou abertamente os nazistas, tendo
repassado 30 milhões de libras a Hitler, em 1931. Segundo
ele, os nazistas eram a única solução frente à ameaça
comunista.
Na
França, grandes monopólios empresariais – como os grupos
Scheneider e De Wendel – financiaram as ações fascistas, no
país e no exterior. A tentativa de golpe das legiões armadas
Cruz de Ferro e Cavaleiros do Rei só não vingou devido à
unidade dos antifascistas na Frente Popular -- proposta
pelos comunistas -- e à forte resistência do povo francês.
Registre-se, por fim, que o fenômeno fascista – com o
objetivo de deter as lutas operárias e destruir a Pátria do
Socialismo – não se restringiu à Itália e à Alemanha.
Logo após a tomada do poder por Mussolini, em 1922, o
general Primo de Rivera impôs na Espanha, em 1923, uma
ditadura militar de inspiração fascista.
Nesse mesmo ano, instalou-se na Bulgária o governo fascista
de Zankov.
Em
1926, na Polônia, Portugal e Lituânia, as democracias
liberais foram substituídas por regimes de caráter fascista.
E,
em 1929, na Iugoslávia, o Rei Alexandre promoveu um
autogolpe fascista.
Como afirma o historiador Daniel Muchnik: “O surgimento de
Hitler não teria sido possível sem o apoio de empresários
alemães e estrangeiros, angustiados diante da possibilidade
(...) de serem derrotados pelo comunismo que pulsava no
Leste e se propagava a toda Europa.”
O
mesmo é preciso dizer em relação à ascensão de Mussolini.
Por
isso, não é surpresa que nos dias de hoje os Estados Unidos
e a OTAN apoiem, armem e treinem os neonazistas ucranianos –
apresentados pela mídia imperialistas como “defensores da
liberdade e dos valores ocidentais” –, com o objetivo de
garantir o seu domínio absoluto e sanguinário sobre todos os
povos do mundo.
O
imperialismo financeirizado se revela cada vez mais ser
incompatível com às liberdades democráticas e o respeito à
soberania das nações.
Que
os festejos do DIA DA VITÓRIA sirvam de aviso aos fautores
de guerras e aos opressores dos povos de que, assim como as
hordas nazifascistas morderam o pó da derrota em 9 de maio
de 1945, a mesma sorte os espera!