A resposta a essa pergunta nos
obriga a rememorar os acontecimentos que levaram à 2ª Guerra
Mundial e à derrota da Alemanha nazista e seus aliados.
Como todos sabem, o reerguimento e
o rearmamento alemão durante os anos 30 só foi possível devido à
conivência e à ajuda do “ocidente”, que via na Alemanha e no
nazismo um “dique” contra a União Soviética e a ascensão das
lutas revolucionárias em todo o mundo.
Os líderes das nações
imperialistas apostavam no avanço da Alemanha nazista para o
Leste, em direção às fronteiras soviéticas. Mas “o tiro saiu
pela culatra” e, ao invés de primeiro atacar a URSS – a quem
temia –, Hitler preferiu começar invadindo as ditas “democracias
ocidentais”, para só depois, fortalecido, atacar à União
Soviética.
Criou-se uma situação, então, que
forçou os países capitalistas ainda não ocupados por Hitler –
como a Grã-Bretanha e os Estados Unidos – a buscarem uma aliança
de conveniência com a URSS, para defender-se da Alemanha
nazista.
Esses países chegaram a assumir o
compromisso de abrir – já em 1942 – uma segunda frente de luta
na Europa, para aliviar a pressão alemã contra a União
Soviética. Na prática, porém, apostaram no desgaste mútuo entre
a Alemanha e a URSS e postergaram indefinidamente a abertura
dessa segunda frente.
Será somente em 6 de junho de 1944
– após três anos de tergiversações e quando o Exército Vermelho
já levava de roldão os exércitos nazistas e se aproximava das
fronteiras alemãs – que os EUA e a Inglaterra decidiram
desembarcar no norte da França e abrir a segunda frente, para
não deixar que a URSS vencesse sozinha a 2ª Guerra Mundial.
Nos meses seguintes, diante da
derrota inevitável e temerosos de ter de capitular frente ao
Exército Vermelho, os líderes nazistas propuseram uma paz em
separado com os EUA, a Grã-Bretanha e a França, inclusive
sugerindo depois “atacarem juntos os inimigos comunistas”.
Como isso não prosperou, decidiram
capitular diante somente dos aliados ocidentais, o que foi feito
na madrugada do dia 8 de maio, em Reims, na França. Ali, o
Coronel-General Jodl assinou a “rendição alemã”, perante o
Tenente-General Walter Smith, do Alto Comando anglo-americano, e
do General François Sevez, da França.
O Alto Comando soviético protestou
contra essa capitulação unilateral e exigiu a rendição formal da
Alemanha na sua capital, Berlim, tomada pelo Exército Vermelho.
Assim, na madrugada de 8 para 9 de
maio de 1945, em Berlim, o Marechal de Campo alemão Wilhelm
Keitel – secundado pelo Coronel-General da Força Aérea Hans
Stumpf e pelo Almirante Friedeburg – assinaram a ata de rendição
incondicional da Alemanha nazista frente à URSS – representada
nesse ato pelo Vice-Comandante Supremo das Forças Armadas
Soviéticas, Marechal de Campo Gueorgui Júkov – e perante seus
aliados ocidentais, representados pelo Comandante da Força Aérea
Estratégica dos EUA, General Carl Spaatz, pelo Marechal da Força
Aérea da Grã-Bretanha, Arthur Tedder, e pelo Comandante em Chefe
do Exército francês, General Jean de Lattre de Tassigny,
O primeiro parágrafo do ato de
rendição rezava: “Nós abaixo assinados, agindo em nome do
Alto-Comando da Alemanha, junto ao Comando do Exército Vermelho
e ao Comando Supremo das Forças Expedicionárias Aliadas, estamos
de acordo com a rendição incondicional de todas as nossas Forças
Armadas do mar, terra e ar, bem como todas as forças que no
momento se encontram sob o comando alemão.”
Dessa forma, a guerra na Europa
foi concluída com o aniquilamento do nazifascismo pela União
Soviética (com uma pequena contribuição dos aliados ocidentais),
sepultando os planos de Hitler e dos grandes capitalistas
alemães de impor ao mundo a dominação da “raça ariana” e a
escravização dos povos ditos “inferiores”.
Desde então – e em especial depois
do início da chamada “Guerra Fria” – os Estados Unidos e os seus
satélites passaram a utilizar o 8 de maio como a data de
referência da capitulação alemã, e a URSS e os revolucionários
de todo o mundo a referenciar a rendição alemã ao 9 de maio.
Portanto, não se trata de uma mera
“confusão de datas”, mas uma disputa em relação ao papel
fundamental que a URSS jogou na derrota da Alemanha nazista na
2ª Guerra Mundial – aniquilando 90 divisões alemãs, contra
apenas 6 divisões derrotadas pelos aliados ocidentais.