Para compreendermos o processo que levou à “Independência do
Brasil” – que evidentemente não se resumiu ao “Grito do
Ipiranga”, em 7 de setembro de 1822 – é preciso examinar as
transformações ocorridas na realidade nacional e
internacional, durante os mais de três séculos que
transcorreram, desde o início da ocupação portuguesa.
O
AGUÇAMENTO DAS CONTRADIÇÕES ENTRE A COLONIA E A METRÓPOLE
Nos primeiros séculos da colonização portuguesa, houve
convergência de interesses entre a classe dominante
brasileira – formada pelos grandes proprietários
escravistas, produtores de açúcar e senhores de engenho – e
a classe dominante metropolitana.
Com o passar do tempo, porém, na medida em que o açúcar
brasileiro passou a enfrentar a concorrência do açúcar das
Antilhas (produzido por holandeses e ingleses) e da
beterraba européia, Portugal – mera metrópole intermediadora
– foi incapaz de lhe garantir um preço adequado e de
colocá-lo em quantidade suficiente no mercado mundial. Além
disso, diante da perda de receitas, aumentou a taxação sobre
o açúcar, acirrando as contradições entre a classe dominante
metropolitana e os senhores de engenho.
A
criação por Portugal de companhias para monopolizarem a
compra e a venda dos produtos comercializados na colônia,
também gerou insatisfação e inúmeros confrontos, do que a
Rebelião de Beckman, em 1682, no Maranhão é um exemplo.
Com o início da exploração do ouro e dos diamantes, Portugal
impôs duras medidas de coerção e controle sobre os que
faziam a sua lavra e uma fixou alta tributação sobre a sua
extração. Passaram a ocorrer, então, choques entre os
naturais da terra e os portugueses que para cá vinham
garimpar o ouro e os diamantes descobertos pelos locais. A
Guerra dos Emboabas (Minas Gerais, 1708-1710) foi um
exemplo disso.
Também se acirraram as contradições entre os grandes
proprietários escravistas – a fração mais poderosa das
classes dominantes brasileiras – e os comerciantes dos
centros urbanos, predominantemente portugueses, levando a
vários conflitos, do que a Guerra dos Mascates
(Pernambuco, 1710-1711) foi expressão.
Em
1720, eclodiu a revolta de Vila Rica, em Minas Gerais,
contra a criação das Casas de Fundição, onde todo o ouro
deveria passar, para ser fundido e taxado. Vitoriosa em um
primeiro momento, logo ela foi duramente reprimida e o seu
líder – Felipe dos Santos – morto e esquartejado.
A
mineração do ouro – pela necessidade de adquirir escravos,
muares, ferramentas, alimentos – passou a exigir uma
economia e um comércio mais complexos e serviços
administrativos para o seu controle e tributação. De caráter
urbano e plural, permitiu alguma mobilidade social e
propiciou o surgimento de uma classe intermediária entre os
escravos e os senhores de escravos, algo impossível na
plantação escravista.
Da
mesma forma, a mineração gerou uma certa integração de Minas
Gerais com as províncias e as regiões produtoras dos insumos
de que necessitava – como o Rio Grande do Sul, o Nordeste e
o Norte, tendo São Paulo como entreposto e o Rio de Janeiro
como porto de escoamento. Assim, ajudou a formar o
incipiente mercado interno da futura nação.
Em
1785, Portugal proibiu o artesanato e a existência no Brasil
de todo e qualquer tipo de fábrica ou manufatura, salvo para
a produção de panos grossos de algodão, para vestir os
escravos ou fazer sacos.
Com a decadência da mineração do ouro, Portugal aumentou a
tributação, com o objetivo de compensar a perda de receitas,
causando um grande descontentamento, do que a
Inconfidência Mineira, em 1789, foi a maior expressão.
Esta, inspirada na independência norte-americana, propunha a
independência, a república e a libertação dos escravos
nascidos no Brasil.
Em
1798, sob influência da Revolução Francesa, surgiu em
Salvador a “Conspiração dos Alfaiates”, que reunia artesãos,
soldados, escravos e alguns intelectuais, em torno das
bandeiras da independência, da república e da abolição da
escravatura. A conspiração foi descoberta e os seus líderes
– na sua maioria negros e mestiços – foram enforcados e
esquartejados.
A
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL GOLPEOU A DOMINAÇÃO COLONIAL
LUSO-ESPANHOLA
O
desenvolvimento da Revolução Industrial, na Inglaterra, na
segunda metade do século XVIII, afetou fortemente o
colonialismo parasitário luso-espanhol. A descoberta dos
metais preciosos na América portuguesa (ouro) e na América
espanhola (prata) as transformou de colônias apenas
produtoras em colônias produtoras e consumidoras.
Portugal e Espanha – países feudais – tornaram-se meros
entrepostos comerciais, situados entre os produtores
coloniais e os consumidores europeus e entre os produtores
europeus e os consumidores coloniais, onerando o comercio
entre ambos. Foi ficando cada vez mais claro o caráter
parasitário da metrópole e a cisão entre os interesses das
classes dominantes brasileiras e portuguesas.
A
eliminação da função intermediadora de Portugal e Espanha e
o fim do regime de monopólio comercial que ambas tinham
passou a ser do interesse tanto da Inglaterra, quanto da
classe senhorial das áreas coloniais.
1808: A INVASÃO DE PORTUGAL POR NAPOLEÃO E A VINDA DA
FAMÍLIA REAL PARA O BRASIL
Em
1808, Napoleão – em guerra com a Inglaterra – invadiu a
Espanha e Portugal, para tornar efetivo o bloqueio contra a
Inglaterra. A Corte espanhola capitulou, mas a de Portugal
se aliou à Inglaterra e se transferiu para o Brasil,
escoltada pela esquadra inglesa. Com isso deixaram de
existir as duas metrópoles ibéricas. As colônias espanholas
aproveitaram para proclamar a sua autonomia (com apoio
inglês), enquanto o Brasil tornou-se a sede da coroa
portuguesa.
O
regime de monopólio comercial foi liquidado na prática. Ao
aportar na Bahia, rumo ao Rio de Janeiro, o Príncipe
Regente, futuro D. João VI, declarou abertos os portos
brasileiros a todas as nações. A Inglaterra foi a mais
beneficiada por essa “abertura dos portos” passando a pagar
somente 15% sobre os produtos exportados para o Brasil,
contra 16% pagos pelos portugueses e 24% pelas demais
nações. Instalada no Brasil, a Coroa passou a representar
mais os interesses da Inglaterra – de quem dependia – do que
os dos senhores feudais portugueses.
Em
seguida, foi anulada a proibição da existência de indústrias
e manufaturas no Brasil. Pouco a pouco, o Rio de Janeiro foi
modernizado e embelezado, tomando ares de metrópole. Foram
feitos o Canal do Mangue, o Passeio Público, o Jardim
Botânico, as Escolas de Cirurgia, Militar, Naval e Belas
Artes, o Museu, o Banco do Brasil o Tribunal do Comércio,
etc. Ampliaram-se as atividades comerciais e surgiram os
mais variados serviços. As velhas engrenagens da
administração colonial foram substituídas por uma
administração própria de uma nação soberana.
Ao
estabelecer no Brasil a sede da monarquia, o Príncipe
Regente aboliu de fato o regime de colônia em que o país
vivera até então. Com a morte da Rainha Dona Maria, o
Príncipe Regente foi coroado com o título de João VI e, foi
constituído em 1815, o Reino Unido de Portugal, Brasil e
Algarves. Como afirmou o historiador Caio Prado Júnior, se o
aspecto formal for secundarizado, 1808 poderia ser
considerada a data do início da independência do Brasil.
Apesar dos aspectos positivos da vinda da família real para
o Brasil, a aspiração por uma verdadeira independência
nacional nunca cessou, expressando-se na Revolução
Republicana de 1817, em Pernambuco
1820: A REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DO PORTO E A TENTATIVA
DE RECOLONIZAR O BRASIL
Após a derrota de Napoleão, com a ajuda de tropas inglesas,
Portugal ficou sob o comando
de Lord Beresford, Comandante-em-chefe
britânico
do
Exército português
e Regente
de fato
do Reino de
Portugal. O país mergulhou em uma grave crise, decorrente da
perda das receitas da colônia brasileira, da ruína da sua
economia e da transferência da Corte para o Brasil.
No dia 24 de
agosto de 1820, eclodiu a Revolução Constitucionalista na
cidade do Porto, que destituiu a Regência, proclamou uma
Junta Governativa, impôs ao Rei uma Constituição e exigiu o
seu retorno a Portugal. Um de seus principais objetivos
passou a ser o retorno do Brasil à condição de colônia.
No Brasil, a
Revolução Constitucionalista teve eco no “partido
brasileiro” – que viu nela a oportunidade de consolidar a
autonomia obtida no último período –, nos portugueses – que
queriam recolonizar o Brasil – e nos setores populares, que
aspiravam conquistar a libertação econômica e social.
Sucederam-se
movimentos “constitucionalistas”, governos locais foram
derrubados e substituídos por juntas eleitas. Os
comerciantes do Pará e da Bahia ligaram-se diretamente à
Junta Governativa de Lisboa e aderiram ao movimento
constitucionalista. Agitações no Rio de Janeiro impuseram a
Dom João VI a aceitação da nova Constituição.
Nesse
entrechoque, prevaleceu, porém, o “partido brasileiro”, seja
porque já não existiam condições de retornar à situação do
passado colonial, seja porque as camadas populares ainda não
estavam maduras para conquistar a sua emancipação. No dia 26
de abril de 1821, D. João VI embarcou para Portugal,
deixando como Príncipe Regente o seu filho Pedro, já
cortejado pelos “brasileiros” que passaram a ver nele o
instrumento para alcançar a independência do Brasil.
As Cortes
portuguesas tomaram, então, diversas medidas econômicas para
acabar com a autonomia brasileira. Em 24 de abril de 1821,
um decreto colocou todas as províncias sob domínio direto de
Lisboa, retirando todos os poderes de D. Pedro, de quem
exigiram o imediato retorno a Portugal. Era evidente sua
intenção de fazer o Brasil voltar à situação de colônia de
Portugal.
A
PROCLAMAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA BRASILEIRA
Após titubear
por algum tempo, pressionado por representações de diversas
províncias que apelavam a que permanecesse no Brasil, D.
Pedro declarou em 9 de janeiro de 1822 que ficaria no Brasil
(“Dia do Fico”) e não atenderia o chamamento das Cortes
portuguesas. Essa decisão causou um motim das tropas
portuguesas da “Divisão Auxiliadora”, no Rio de Janeiro, que
quase se enfrentaram com as milícias “brasileiras”, mas
acabam recuando para Niterói. Dom Pedro expulsou, então, a
“Divisão Auxiliadora” – que embarcou para Portugal, mas
acabou dirigindo-se para a Bahia – e proibiu o desembarque
de tropas portuguesas no Brasil.
Em fevereiro,
começaram em Salvador, Bahia, choques entre “brasileiros” e
“portugueses” e o gen. Madeira de Melo – governador
das armas da Bahia – rompeu com o Príncipe Regente e
rebelou-se. Com 8 mil homens – que incluíam a “Divisão
Auxiliadora”, recém expulsa do Rio de Janeiro, e reforços de
Portugal – tomou Salvador. Em 25 de junho, a Câmara da Vila
de Cachoeira rompeu com Lisboa e reuniu tropas para combater
o gen. Madeira. A vitória brasileira e a expulsão da Bahia
das tropas portuguesas, cercadas em Salvador, só ocorreu
depois de quase um ano de lutas, em 2 de julho de 1823. No
Maranhão, Piauí e Pará a vitória independentista também só
foi alcançada de armas na mão, em meados de 1823.
No
dia 7 de setembro de 1822, ao voltar de Santos para São
Paulo, Dom Pedro, recebeu, às margens do Riacho Ipiranga,
carta das Cortes exigindo seu retorno à Portugal e decidiu
proclamar formalmente a Independência do Brasil. Em 1º de
dezembro foi sagrado Imperador do Brasil Pedro I. A
proclamação da independência do Brasil não chegou a
constituir-se em uma verdadeira ruptura. Foi uma transição
que iniciada em 1808, só se encerrou em 1831, com a
abdicação de D. Pedro I.
Em
25 de setembro as Cortes portuguesas proclamaram a
Constituição Liberal, a qual foi jurada por D. João VI. Os
sete deputados brasileiros nas Cortes repudiaram a
Constituição portuguesa e se refugiaram na Inglaterra.
O
PRIMEIRO REINADO -1822-1831
Proclamada a independência, era crucial o seu reconhecimento
pela Inglaterra e pela comunidade internacional. Os ingleses
impuseram condições: manter os acordos econômicos de 1810 –
extremamente favoráveis a eles – e negociar um entendimento
com Portugal, mediado pela Inglaterra. Assim, em 1825, o
Brasil tomou um empréstimo em Londres de dois milhões de
libras esterlinas para indenizar Portugal. Em troca,
Portugal reconheceu a independência brasileira.
A
nossa independência foi, portanto, uma transição negociada,
que preservou a grande propriedade escravista
agro-exportadora e tornou o Brasil uma nação dependente da
Inglaterra. Os grandes proprietários escravistas –
atemorizados pela Revolução Haitiana de 1791 – optaram pela
forma monárquica de governo, com o objetivo de garantir um
Estado centralizado, suficientemente forte para manter
submetidas as massas escravizadas e para garantir a sua
supremacia sobre os demais segmentos das classes dominantes
brasileiras.
O
1º Reinado – sob o comando de D. Pedro I, herdeiro da coroa
portuguesa – deve ser considerado um novo período de
transição da inconclusa independência brasileira, durante o
qual permaneceu latente o risco da recolonização do Brasil.
Instalada em 1823, a Assembleia Constituinte – formada
majoritariamente por grandes proprietários escravistas e
traficantes de escravos – elaborou um projeto de
Constituição que limitava ao máximo os poderes do imperador
e afirmava o poder dos grandes proprietários escravistas,
excluindo as classes médias e os trabalhadores. Dom Pedro I,
apoiado pelo partido “português” – que consumada a
separação, agrupou-se em torno do Imperador – dissolveu a
Constituinte, em um ato que foi visto por muitos como um
passo para afirmação do absolutismo imperial e para a
recolonização do país.
Buscando acalmar os ânimos, D. Pedro I nomeou uma comissão
com a tarefa de elaborar um novo projeto constitucional.
Este não alterou muito o anterior, mas criou o Poder
Moderador do Imperador. Na prática, este continuou a
governar de forma absoluta, só vindo a convocar o Parlamento
dois anos depois, para suprir dificuldades do Tesouro.
Quando isso ocorreu, os atritos com a maioria dos deputados
persistiram. A insatisfação crescia em todo o país.
Em
julho de 1824, em reação ao autoritarismo imperial, teve
início a rebelião conhecida como “Confederação do Equador”,
que a partir de Pernambuco se espalhou para a Paraíba, Rio
Grande do Norte, Ceará, Piauí e Pará, propondo a criação de
uma República Confederada, similar aos Estados Unidos.
Chegaram a propor que o porto de Recife fosse fechado para o
tráfico de escravos. Para derrotá-los, o Império contratou a
esquadra de Lord Cochrane e enviou 1200 homens, sob o
comando do brigadeiro Lima e Silva (pai do futuro Duque de
Caxias). Em novembro, a rebelião foi liquidada e a repressão
foi impiedosa com os revoltosos. Frei Caneca, um de seus
líderes, foi fuzilado.
Em
1826, morreu D. João VI e D. Pedro I herdou a coroa
portuguesa como Pedro IV. No Brasil cresceu a suspeita de
que ele pretendia reatar a união pré-1822. Sob pressão dos
brasileiros, ele abdicou da coroa portuguesa para sua filha
D. Maria da Glória, então com sete anos, colocando o seu
irmão Miguel como Regente. Em 1838, ela foi destronada por
seu tio Miguel, que se faz coroar D. Miguel I.
Em
13 de março de 1831, no Rio de Janeiro, ocorreram graves
conflitos entre opositores e apoiadores do Imperador, na que
ficou conhecida como noite das garrafadas. O povo se
armou e uma parte das tropas se sublevou. Em 5 de abril, D.
Pedro tentou uma última cartada, formando um Ministério de
absolutistas empedernidos. Foi a gota d’água. Dois dias
depois, teve de abdicar para seu filho Pedro, então com
cinco anos, sob a ameaça do povo e da tropa no campo de
Santana.
AS
REVOLTAS NO PERÍODO REGENCIAL
Os
dias seguintes foram de manifestações populares em todo o
país, tendo como principais alvos os portugueses, que
tiveram suas lojas atacadas e muitos foram mortos.
Autoridades provinciais foram destituídas. A situação só se
estabilizou em maio, com a criação da Regência Trina
Provisória, logo sucedida pela Regência Trina Permanente.
Nesta, avultou a figura do Ministro da Justiça, Padre Feijó,
que enfrentou com mão de ferro as manifestações populares,
que enfim amainaram.
Abriu-se, então um período de revoltas, que atingiram as
mais diversas províncias, onde se confrontam distintos
projetos para o Brasil. Por um lado o projeto monárquico,
escravista e centralizado, sustentado pelos grandes
proprietários escravistas – principalmente do Vale do
Parnaíba, onde se desenvolvia a produção cafeeira – e pelos
traficantes de escravos. Por outro lado, diferentes
projetos, que em geral defendiam a República, uma maior
autonomia regional (sob a forma federativa) e, em alguns
casos, a própria abolição da escravidão.
Destacam-se a “Cabanada” (Pernambuco e Alagoas, 1832-1835),
a Revolução Farroupilha (Rio Grande do Sul, 1835-1845) , a
Cabanagem (Grão-Pará, 1835-37), a Sabinada (Bahia,
1837-1838), a Balaiada (Maranhão e Piauí, 1838-1841), as
Rebeliões Liberais de São Paulo e Minas Gerais (1842) e a
Revolução Praieira (Pernambuco, 1848-1849), além das várias
rebeliões negras, como a revolta dos Malês (Bahia, 1835). Ao
final, acabou prevalecendo o projeto monárquico, escravista
e centralizador dos grandes proprietários terras do Sudeste
brasileiro.
Com todas as suas insuficiências, a inconclusa e limitada
independência brasileira deve ser considerada um avanço em
relação à anterior situação colonial, constituindo a nação
brasileira e criando condições para ulteriores avanços.
CONCLUSÃO
A
luta pela independência do Brasil não começou nem se
encerrou com o chamado “Grito do Ipiranga”, de 7 de setembro
de 1822. Tem as suas origens na luta contra os holandeses,
no século XVII, na Rebelião de Beckman, nas Guerras dos
Emboabas e dos Mascates, na Inconfidência mineira, na
Conjuração baiana (“Revolta dos Alfaiates”), na Revolução
Republicana de 1817 e em outras revoltas.
Em
1822 – quando foi proclamada a Independência –, essa luta se
deu nas jornadas populares do Rio de Janeiro, Minas Gerais,
São Paulo e Recife e nos combates que ocorreram na Bahia,
Piauí, Maranhão e Pará.
Prosseguiu na Confederação do Equador e nas diversas
rebeliões do período regencial, entre elas a Cabanada, a
Revolução Farroupilha, a Cabanagem, a Sabinada, a Balaiada,
as Revoluções Liberais e a Revolução Praieira, além de
diversas rebeliões negras
A
independência em relação a Portugal não significou a
conquista pelo Brasil de uma completa independência. Ainda
que politicamente soberano, o Brasil continuou sendo um país
em grande parte dependente da Inglaterra e, a partir de 30,
dos Estados Unidos.
Nos dias de hoje, com o governo vende-pátria antidemocrático
e antipovo de Jair Bolsonaro, o Brasil encontra-se sob a
grave ameaça de recolonização. Mais do que nunca, a luta
pela soberania nacional é central e passa pela vitória das
forças patrióticas, democráticas e populares nas eleições
deste ano. Como afirma o documento da Comissão Política
Nacional do PCdoB “COMPLETAR A OBRA DA INDEPENDÊNCIA DO
BRASIL”:
“em
todo processo político de alcance histórico, a questão do
poder é essencial. Por isso, as eleições presidenciais de
outubro, que se realizam no transcurso do Bicentenário da
Independência, representam um momento decisivo na luta
dos/as brasileiros e brasileiras pela soberania do seu país.
Ou o Brasil se reencontra com a democracia, retoma os
caminhos do desenvolvimento soberano e do progresso social,
ou seguirá em processo de destruição de sua base econômica,
de aviltamento de sua soberania e de regressão
civilizacional que torna a vida do povo uma verdadeira
tragédia. Trata-se, uma vez mais, de um confronto decisivo
aos destinos da Nação. O PCdoB está empenhado pela vitória
da chapa Lula presidente, Alckmin vice, apoiada por amplas
forças políticas e sociais. E esta, uma vez vitoriosa,
deverá realizar um governo que represente uma frente
democrática, patriótica e popular capaz de reconstruir o
Brasil e encaminhá-lo a um novo ciclo de luta pelo
desenvolvimento soberano que avance na luta pela plena
Independência do país.”